03 April 2009

Keep your fingers crossed

O meu cão está a ser operado neste momento.

Há concerteza muita gente que acha ridículo que se esteja angustiada por uma cirurgia a um animal.
Mas este não é um cão qualquer.

É o pulguento que trouxe da sede há 14 anos ao colo, não porque fosse pequeno (que acho que aquele cão nunca foi pequeno), mas porque se recusava a que lhe colocassem uma coleira e trela improvisadas.

É o bicho que roeu n sapatos do meu pai, que enrolava tapetes para satisfação própria e que "chorava" tão alto à porta quando queria ser passeado que não havia forma como ignorá-lo.

É o animal que teve esgana e que, contra todas as expectativas, nossas e da veterinária, se safou e sem mazelas (a custo, com 2L de soro diário durante 2 semanas).

É o cão que foi atropelado e, como para aquele cão uma só vez não chegava, teve mesmo de fazer com que 2 carros lhe passassem por cima (sendo o resultado só uma pata meio avariada).

É o cão que durante anos e anos nunca perdeu o hábito de fugir de casa. Bastava virar as costas, deixar o portão mal fechado, tirar a trela antes do tempo, aparecer uma bola... Qualquer coisa! felizmente havia sempre uma alma caridosa que ligava a perguntar se éramos os donos, e se o cão estava perdido ou abandonado. Só uma vez me recordo do Rufus ter voltado sozinho para casa - desapareceu no Verão e apareceu na véspera de ano novo... Do ano seguinte! Gordo que nem um texugo, bem tratado e feliz, surgiu-nos à porta 1 ano e meio depois de ter desaparecido! Escusado será dizer que foi das maiores surpresas da minha vida! :) E que desde então não voltou a fugir.

É o o totó canídeo que nunca usa a barraca.
Mentira... Usa, só quando sabe que fez asneira e que vai levar com o guarda chuva (o único utensílio que lhe mete efectivamente respeito). De resto, e apesar daquela casota pesar para cima de muito (ainda não percebo muito bem como é que eu e o meu pai conseguimos carregar e descarregar aquela barraca de cimento...!), podem chover picaretas, estar um frio glaciar ou ser o único sítio da entrada onde está fresco nos dias de Verão, que ele não se mete lá.
E não vale a pena pôr cobertores, mantinhas, sacas de batatas, colchões velhos... Nada! Isso não são objectos para aumentar o conforto, são só brinquedos que são muito mais giros aos retalhos, depois de desfeitos com os dentinhos.

Sobre ele, os dois comentários mais frequentes: "Epá, granda cão", seguido de "Xi, olha lá a língua dele!!!"
Ah, as más linguas também o apelidam de "cão estúpido"... Mas no fundo, gostam tanto dele quanto eu. :)

É o cão com mais de 14 anos que continua a ser um cachorro. Não porque o veja como "o meu pequenino"- coisa que nunca vi, seria impossível!- mas mesmo porque é o pulguento mais parvalhão e brincalhão que existe. É claramente um cão à medida da família Coito, e nenhum outro faria tanto sentido naquela casa.



1 no cravo ou na ferradura:

Mi said...

Vou ter saudades do Rufus. Do seu bafo fedorento, da sua lambidela tão molhada como carinhosa... e felizmente perdeu a mania de se "agarrar" às minhas pernas há muito tempo... :p

De o encontrar numa qualquer avenida do K100 (que não a sua praceta), pensar para os meus botões "eu ia jurar que aquele ali ao fundo é o Rufus... naa, não pode ser... OK, é meeeemmo ele! Rufuuuus, anda cá!"

... e ligar-te a dizer!

***